Segundo fontes do mercado, a Copape e a Aster montaram um esquema engenhoso de importação e distribuição de produtos que garante vantagem indevida frente a outros competidores. Tudo começa pela importação, organizada por outra empresa ligada ao grupo. A Terra Nova Trading traz a gasolina A importada dos Estados Unidos, por meio de sua filial no estado do Tocantins (TO). Lá paga alíquota reduzida de ICMS de 1% graças a uma lei estadual.
Em seguida, o produto é formulado pela Copape e segue para a Aster, que realiza a distribuição para outras distribuidoras ou diretamente para postos revendedores de varejo. Nos estados onde o produto é consumido, como São Paulo, Paraná e Santa Catarina, ocorre a perda de arrecadação do ICMS.
Reportagens publicadas por O DIA nos últimos meses destrincharam como as empresas sonegavam impostos e até a descoberta da instauração de inquérito pela Polícia Civil de São Paulo por adulteração de etanol anidro encontrado em tanque da Copape em Guarulhos.
Desde meados de 2020, a Copape é administrada por Renato Steinle de Camargo e Luiz Ernesto Franco Monegatto. Steinle também aparece como administrador da Aster Petróleo, que figura como a quarta maior distribuidora de combustível do país. Os números operacionais da Copape também chamam a atenção do mercado. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), entre agosto e dezembro de 2020, a Copape vendeu cerca de 536 milhões de litros de gasolina C, o que representa 9% do mercado de gasolina do país, número que coloca a empresa como segunda maior fornecedora desse combustível no período.
Em dezembro do ano passado, a ANP autorizou a Terra Nova importar 1,5 bilhão de litros para os meses de janeiro e fevereiro de 2021. Este volume corresponde a quase totalidade da demanda brasileira de abastecimento em gasolina A do país por um mês inteiro. “É importante ressaltar que, caso a importação tenha sido de fato realizada, a operação deveria gerar cerca de R$ 1,3 bilhão em tributos. Será que esse dinheiro chegou mesmo aos cofres públicos?”, provoca uma das fontes.
Segundo relatos, o procurador dessas empresas, que consta em alguns processos por elas enfrentados, é também o advogado da rede de postos Mohamed, suspeita de ter dentre seus sócios integrantes da facção criminosa. Outra ligação com a facção é o mentor intelectual da operação das empresas Aster e Copape, conhecido como “Beto Louco”.